O desafio silencioso no início da carreira

A saúde mental no estágio é um tema cada vez mais urgente — e muitas vezes negligenciado nas empresas. Para estagiários e aprendizes, o ambiente corporativo pode ser ao mesmo tempo uma porta de entrada promissora e um gatilho de estresse e insegurança.

Eles enfrentam uma rotina de aprendizado constante, adaptação cultural, pressão para entregar resultados e conciliação com os estudos. Tudo isso em um contexto onde ainda estão desenvolvendo habilidades emocionais e profissionais básicas.
Nesse cenário, cabe às lideranças — RH e gestores diretos — o papel de observar, acolher e agir com empatia. Mais do que gerenciar tarefas, o líder deve ser um agente de cuidado , capaz de identificar sinais de sofrimento e promover o bem-estar no ambiente de trabalho desde os primeiros passos da jornada profissional.


Por que priorizar a saúde mental no estágio?

Estudos do Observatório da Juventude mostram que 1 em cada 3 jovens brasileiros apresenta sintomas recorrentes de ansiedade. Dentro do ambiente corporativo, esse número pode ser ainda maior — especialmente entre quem está ingressando no mercado de trabalho pela primeira vez.

Muitos estagiários e aprendizes não conseguem expressar suas emoções com clareza. Alguns têm medo de parecer “fracos”; outros sequer reconhecem que estão sob pressão. Por isso, a liderança empática é essencial para criar um ambiente onde o cuidado não seja exceção, mas parte da cultura.

Promover a saúde mental no estágio é mais do que responsabilidade social — é estratégia de desenvolvimento. Talentos que se sentem seguros emocionalmente aprendem mais, se adaptam melhor e contribuem mais rapidamente para os resultados da empresa.

1. Observe mudanças sutis de comportamento

Os primeiros sinais de que algo não vai bem costumam ser silenciosos. Alguns comportamentos que podem indicar sofrimento emocional incluem:

  • Isolamento ou silêncio excessivo
  • Irritabilidade incomum ou instabilidade emocional
  • Queda na produtividade e esquecimentos frequentes
  • Perda de interesse por tarefas simples
  • Atrasos ou faltas sem justificativa clara

Esses sinais não devem ser tratados com repreensão imediata. Punir sem entender pode afastar o jovem ainda mais. O ideal é abrir espaço para uma conversa respeitosa e sem julgamentos.

2. Crie um ambiente psicologicamente seguro

O medo de parecer frágil ou inexperiente pode impedir estagiários e aprendizes de pedirem ajuda. Para quebrar essa barreira, a empresa precisa cultivar segurança psicológica — um ambiente onde o erro seja visto como parte do aprendizado e onde todos se sintam respeitados.

Boas práticas incluem:

  • Check-ins informais regulares: “Como você está se adaptando?”
  • Incentivo ao feedback e à escuta ativa
  • Valorização do progresso, e não só dos resultados
  • Liderança que compartilha aprendizados e vulnerabilidades

Ambientes seguros aumentam a confiança, a motivação e o senso de pertencimento.

3. Traga o tema saúde mental com naturalidade

Falar sobre bem-estar emocional deve ser algo tão rotineiro quanto falar sobre metas e entregas. A normalização da saúde mental no ambiente de trabalho começa por atitudes simples:

  • Compartilhar conteúdos educativos (artigos, podcasts, vídeos)
  • Abordar o tema em reuniões: “O que tem ajudado vocês a manter o equilíbrio?”
  • Mostrar que a liderança também cuida da própria saúde mental
  • Incentivar o uso dos canais de apoio internos, se existirem

Essas ações criam um espaço onde o cuidado deixa de ser um tabu e passa a fazer parte da cultura.

4. Aproveite os recursos dos programas de estágio ou aprendizagem

Programas como os oferecidos pelo CIEE/SC não se limitam à parte burocrática do estágio. Eles incluem:

  • Relatórios de Desenvolvimento (RDE/RDA), que oferecem uma visão do progresso do jovem, pontos fortes e áreas de atenção
  • Acompanhamento psicopedagógico, essencial em casos de vulnerabilidade emocional
  • Orientações personalizadas para apoiar o desempenho do talento

Lideranças e RHs devem se apropriar dessas ferramentas, usando-as como apoio estratégico para acompanhamento próximo e intervenções mais assertivas.

5. Tenha um plano claro para agir com responsabilidade

Se um jovem apresenta sinais persistentes de estresse ou sofrimento emocional, é importante agir com empatia e cuidado. Veja como:

  • Converse em um espaço reservado, com escuta ativa
  • Não banalize o que ele compartilha, nem dramatize
  • Ofereça orientação e informações sobre recursos disponíveis
  • Evite expor a situação para colegas
  • Envolva o RH e os responsáveis pelo programa de aprendizagem quando necessário

O papel da liderança não é diagnosticar, mas encaminhar e apoiar. Ter um protocolo claro para essas situações mostra maturidade e responsabilidade institucional.

Liderar também é cuidar

Cuidar da saúde mental no estágio é cuidar do futuro do seu time — e da sua empresa. Estagiários e aprendizes são sementes de talentos que podem florescer com orientação, acolhimento e empatia.

Lideranças que atuam de forma proativa na criação de ambientes emocionalmente seguros contribuem para uma cultura organizacional mais saudável, produtiva e humana. Além disso, reforçam a imagem da empresa como um espaço que valoriza pessoas em formação e investe no desenvolvimento integral de seus talentos.

Como o CIEE/SC pode ajudar?


O CIEE/SC oferece suporte completo para empresas que desejam ir além da contratação e investir no desenvolvimento humano de seus jovens talentos. Com acompanhamento técnico, psicopedagógico e ferramentas de gestão do aprendizado, apoiamos empresas a construírem times mais engajados, saudáveis e preparados para o futuro.


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